O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta terça-feira (11) que os parlamentares não querem ser vistos como "sabotadores da nação". De acordo com o senador, o Legislativo quer colaborar com a retomada do crescimento econômico do país e ser visto como facilitador.
Nesta segunda (10), Renan apresentou ao governo federal uma agenda com 27 propostas – entre as quais, a possibilidade de cobrança, por faixa de renda, para atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Os senadores também sugeriram a revisão da legislação de licenciamento de investimentos.

Nós queremos e podemos ser vistos como facilitadores, e não como sabotadores da nação"

"Queremos dar previsibilidade, segurança a todos os atores econômicos e, para tal, apresentamos agenda ao país. Uma colaboração do Legislativo. Não é colaboração do Senado Federal, é colaboração do Legislativo. Nós queremos e podemos ser vistos como facilitadores, e não como sabotadores da nação", declarou Renan em discurso no plenário do Senado.
Nesta terça (11), a presidente Dilma Rousseff disse que tem “grande interesse” em estudar as propostas apresentadas por Renan. Na véspera, em um jantar com líderes do Senado, a chefe do Executivo fez um apelo para os senadores barrarem as "pautas-bombas' aprovadas pela Câmara dos Deputados.

Durante o pronunciamento, Renan voltou a dizer que a agenda proposta pelos senadores está "aberta e sujeita a aprimoramentos."

"[Agenda está aberta a] críticas, que são bem-vindas a todos do Congresso Nacional, já que o sistema é bicameral e todas as sugestões serão muito bem recebidas. Como se sabe, quem silencia demonstra indiferenca, desprezo. Mas quem critica e aponta caminhos, o faz porque deseja realmente ajudar", completou o peemedebista.

Impeachment

Em meio ao discurso no plenário, Renan afirmou que discutir “todos os dias” um eventual impeachment de Dilma "não resolve a crise econômica". Na visão dele, é recomendável o país separar a crise econômica da crise política.
"Precisamos encontrar saídas para a economia e, a partir daí, resolver a crise política e, finalmente, respirar ventos da tranquilidade. Discutir impeachment todos os dias não resolve crise econômica. Achamos recomendável separar as crises", ponderou.

"Discutir impeachment todos os dias não resolve crise econômica. Achamos recomendável separar as crises"

Após o presidente da CâmaraEduardo Cunha (PMDB-RJ), romper oficialmente com o governo, Dilma passou a tentar se reaproximar do presidente do Senado na tentativa de barrar as “pautas-bombas” dos deputados federais.
Apesar de ter sido apoiado pelo Planalto na eleição que o reconduziu ao comando doSenado, Renan adotou uma postura crítica ao Executivo desde que se tornou alvo de um inquérito na Operação Lava Jato. Ele é suspeito de ter recebido propina do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
Nas últimas semanas, integrantes do primeiro escalão, entre os quais os ministros Joaquim Levy(Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento), se reuniram diversas vezes com Renan para tratar de alternativas para superar a crise.
Nesta segunda (10), o presidente do Senado disse que a sociedade não quer que o Congresso Nacional ponha "fogo" no país, referindo-se à apreciação das contas do primeiro mandato de Dilma pelo Congresso, que pode abrir uma brecha para um processo de impeachment.
"O governo Dilma tem data pra acabar, e o Brasil continuará existindo. Minha obrigação como presidente do Congresso Nacional é procurar caminhos novos, mesmo correndo risco de errar. [...] O único erro imperdoável numa crise é a inação", disse o presidente do Senado.

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