O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), arquivou na madrugada desta quinta-feira (6) quatro pedidos de abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff que não cumpriam requisitos formais.
No final de julho, Cunha deu dez dias para que os autores adequassem os
pedidos às regras exigidas pela Casa. De acordo com a Secretaria-Geral
da Câmara,
após o término desse prazo, quatro requerimentos de impeachment
permaneceram sem os documentos necessários. Por isso, Cunha os arquivou –
cabe ao presidente da Câmara analisar e, dependendo do caso, arquivar
ou dar continuidade aos processos de impeachment do presidente da
República.
Segundo a Secretaria-Geral, os pedidos arquivados não apresentavam
requisitos como cópia do CPF do autor e autenticação do documento em
cartório.
Ainda permanecem sob análise outros dez pedidos de investigação e
afastamento da presidente, entre os quais o apresentado pelo Movimento
Brasil Livre (MBL), que protocolou em maio um requerimento com 3 mil
páginas e 2 milhões de assinaturas.
Se esses pedidos atenderem aos requisitos formais, Cunha vai analisar
se os requerimentos reúnem os requisitos jurídicos para ser aceito, como
apontamento de um crime de responsabilidade e apresentação de elementos
e fatos para justificar a acusação.
Se o presidente da Câmara considerar que os requisitos jurídicos foram
cumpridos, poderá “aceitar” os pedidos e encaminhá-los para análise de
uma comissão. O colegiado precisa ser formado por ao menos um integrante
de cada partido com representação na Casa. Essa comissão produzirá um
relatório recomendando a abertura ou não do procedimento de impeachment.
Esse relatório, então, segue para o plenário da Câmara, ao qual caberá
decidir se abre ou não o processo. Para instaurar o procedimento são
necessários os votos três quintos da Casa (308 deputados).
Depois de aberto pela Câmara, o processo segue para o Senado,
responsável por fazer o julgamento político do presidente da República.
Eventual afastamento do chefe do Executivo exigiria os votos de três
quintos (49) dos senadores.
PSDB
Em resposta ao apelo do vice-presidente Michel Temer por união nacional
diante da crise política e econômica, os líderes do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), e na Câmara, Carlos Sampaio (SP), convocaram uma entrevista coletiva nesta quinta para dizer que defendem a realização de novas eleições presidenciais.
Nesta quarta (5), Temer afirmou que a situação do Brasil é "grave" e solicitou que “todos se dediquem a resolver os problemas do país”.
Para Cunha Lima e Sampaio, o julgamento das contas de campanha da presidente Dilma Rousseff pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) é uma possibilidade para viabilizar a convocação de novas
eleições antes de 2018, quando se encerra o mandato da presidente.
Em dezembro, o PSDB pediu ao TSE a cassação do registro eleitoral de
Dilma. O principal argumento utilizado pelo partido é que a campanha
petista teria sido financiada com dinheiro de corrupção, o que, segundo
os tucanos, tornaria a eleição de Dilma “ilegítima”.
"Em razão da gravidade do problema que enfrentamos, só mesmo com novas
eleições, em que o novo presidente fosse legitimado pelo voto, teríamos
condições de transpor e construir um projeto nacional”, declarou
Sampaio. "Não vamos construir solução para o país apenas nos muros do
Congresso. Não será com com acordos e conchavos que acharemos saída para
a crise", afirmou o senador.
A Constituição Federal não prevê uma nova eleição direta para a
substituição de um presidente eleito, cujo afastamento necessitaria de
autorização do Supremo Tribunal Federal, mediante constatação de prática de ilícitos.
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