Ele protocolou documento na Justiça com respostas ao juiz Sérgio Moro.  Presidente da empresa é réu em processo da Operação Lava Jato.

O Presidente da holding Odebrecht S.A. e réu em ações penais originadas na Operação Lava Jato, Marcelo Bahia Odebrecht, afirmou à Justiça Federal nesta sexta-feira (30) que a alegação de que a empresa participou de cartel é “absolutamente inconsistente e absurda”. Ele entregou a Sérgio Moro um documento em resposta aos questionamentos do juiz e se defendendo das acusações.

Marcelo Odebrecht faz diversos ataques à postura do Ministério Público Federal (MPF) na condução das investigações da Lava Jato. O réu afirma que as denúncias apresentada pelos procuradores contra ele foram feitas com “má-fé” e distorcendo fatos.
Foi a primeira participação do executivo em audiência da Lava Jato. Neste processo, ele é acusado de organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de capitais. Marcelo Odebrecht está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Cartel
Sobre a acusação de formação de cartel para licitações de obras da Petrobras, Marcelo Odebrecht disse que, na posição de presidente da holding, ele não atuava diretamente em licitações e contratos específicos.
“Nunca ouvi falar, nem soube de qualquer atuação de qualquer empresa do Grupo [em cartel]. Além disso, não me parece fazer sentido essa afirmação, considerando que a Petrobras convida os participantes de suas licitações, que são previamente cadastrados, pré-qualificados, e define os preços”, afirmou o réu ao ser questionado sobre o cartel.
Críticas às investigações
Sergio Moro também questionou Marcelo Odebrecht sobre trecho da denúncia do MPF que cita uma anotação feita por ele no próprio celular: “tática Noboa de eu me expor? Nosso risco é a prisão”.
Para o MPF, a expressão significaria uma tática de fuga por se tratar de referência a Gustavo Noboa, ex-presidente do Equador, que fugiu do país ao ser acusado.
Segundo Marcelo Odebrecht, no entanto, a anotação faz referência a Álvaro Noboa, que foi candidato à presidência do Equador, e que tinha como tática de defesa se expor publicamente em momentos de crise – o contrário do que foi alegado pelo MPF.
"Fica evidente a distorção dos fatos com o objetivo malicioso de atribuir a mim uma intenção de fuga completamente infundada. Trata-se de uma iniciativa não apenas ilegal, como cruel, apenas para me sujeitar a pedido de prisão preventiva", respondeu ao juiz.
Outra anotação a que o juiz faz referência foi interpretada pelo MPF como uma tentativa de interferir nas investigações da Polícia Federal: “Ações B...trabalhar para parar/anular (dissidentes PF)”.
O réu diz que nunca cogitou interferir nas investigações, e que a anotação tinha por objetivo acompanhar o desdobramento de uma dissidência na Polícia Federal sobre uma escuta ilegal na cela de Alberto Youssef
Segundo Odebrecht, a equipe jurídica dele iria avaliar se as ilegalidades teriam efeito jurídico de parar ou anular as investigações.
“A alegação de que eu poderia ter interesse em interferir nas investigações não é verdadeira; a interpretação da anotação é propositadamente deturpada, sendo absolutamente desarrazoada a utilização de fatos noticiados em reportagens de jornal para fundamentar uma acusação penal", criticou.
A alegação de que eu poderia ter interesse em interferir nas investigações não é verdadeira; a interpretação da anotação é propositadamente deturpada"
Marcelo Odebrecht
E-mail
Ao ser confrontado com um e-mail enviado por ele com orientações a presidentes das empresas do grupo, que, segundo o MPF denota que ele possuía “amplo domínio sobre todos negócios do grupo Odebrecht”, o executivo refutou.
“Imaginar que este e-mail representa evidência de ‘amplo conhecimento’ e atuante gestão nos negócios das principais empresas do grupo’, e trazê-lo como fundamento de uma denuncia criminal contra mim é de uma má-fé à toda prova, especialmente porque o conteúdo da mensagem denota exatamente o contrário”, sustentou.
Da mesma forma, Marcelo Odebrecht negou ainda que mantivesse contato com clientes da empresa, ou que tenha conversado com ex-funcionários da Petrobras, como Pedro Barusco e Renato Duque.
"Sinceramente, não entendo a razão do Ministério Público, sem nenhum compromisso com a verdade, afirmar inúmeros contatos, reuniões e tratativas minhas com executivos da Petrobras", respondeu.

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