PPS, Rede e PSOL querem impedir sessão se Conselho de Ética não votar.
Órgão se reúne para apreciar relatório sobre processo de Eduardo Cunha.


Na semana passada, deputados da oposição e de partidos ditos independentes deixaram o plenário da Casa, durante sessão de votação, em protesto contra tentativas de postergar o processo que investiga Cunha por suposta quebra de decoro parlamentar.

PSDB e DEM vão se reunir nesta terça-feira (24) para decidir se agirão para impedir as votações em plenário até que o parecer preliminar que defende a continuidade do processo do peemedebista seja votado no Conselho de Ética. PSOL, PPS e Rede já decidiram que irão obstruir as sessões.O Conselho de Ética se reúne às 14h30 desta terça para a leitura do parecer do relator, o deputado Fausto Pinato (PRB-SP), mas a votação só deverá ocorrer na próxima semana, já que o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), aliado de Cunha, adiantou que pedirá vista (mais tempo para analisar o caso).

“Vamos reunir a bancada para tomar uma posição em conjunto. A nossa indicação é de que haja obstrução das votações, tanto da Câmara quanto do Congresso. Que não se vote mais nada enquanto o conselho não definir o futuro do presidente. Queremos ter certeza de que o relatório será votado”, afirmou o vice-líder do PSDB Nilson Leitão (MT).

O presidente do PSOL, deputado Ivan Valente (PSOL-SP), disse que os integrantes da sigla sequer comparecerão à reunião de líderes, que ocorre toda terça para definir a pauta do plenário. "O partido vai ajudar na obstrução e não vai à reunião de líderes, porque isso seria legitimar a presidência do Eduardo Cunha", afirmou.
Aliados prometem quórum
Líderes de partidos aliados do presidente da Câmara afirmam que vão trabalhar para dar quórum na votação do plenário, mas prometem se insurgir se houver nova tentativa de manobra dos trabalhos do Conselho de Ética.

A avaliação é de que Cunha errou ao permitir que o segundo-secretário da Casa, Felipe Bornier (PSD-RJ), cancelasse a reunião da última quinta, do conselho. Só depois do levante ocorrido em plenário, com o esvaziamento da sessão, é que o peemedebista decidiu revogar a decisão de Bornier.
A posição do PR é de ser contra a paralisação da Câmara. Vamos votar as matérias. Mas também queremos que o Conselho de Ética funcione. Somos contra qualquer manobra. [...] O PR não vai aceitar tentativas de interferência nem manobra contra o Conselho de Ética"
Maurício Quintella Lessa,
Líder do PR na Câmara
“A posição do PR é de ser contra a paralisação da Câmara. Vamos votar as matérias. Mas também queremos que o Conselho de Ética funcione. Somos contra qualquer manobra. O Felipe Bornier errou ao cancelar a reunião do colegiado e o Eduardo Cunha demorou para consertar. O PR não vai aceitar tentativas de interferência nem manobra contra o Conselho de Ética”, disse ao G1 líder do PR, Maurício Quintella Lessa (AL).

Na mesma linha, o líder do PSD, deputado Rogério Rosso (DF), afirmou que a bancada não irá obstruir as votações no plenário, mas destacou que irá “reagir” em caso de manobra contra o Conselho de Ética.

“Vamos botar presença em plenário, para votar matérias relevantes. Agora, qualquer tentativa de manobra no conselho, o PSD vai reagir. Entendo que, da mesma forma que Cunha tem direito de se defender, qualquer tentativa de obstrução do Conselho de Ética tem que ser repreendida. O partido não vai aceitar”, afirmou.
Já o líder do PT, Sibá Machado (AC), acusou a oposição de usar as investigações de Cunha como desculpa para impedir a votação de projetos importantes para o governo. “Essa conta é dos tucanos. Eles têm que pagar essa conta. Não venham colocar problemas deles na nossa responsabilidade. Sabemos o que estamos fazendo. Nossa responsabilidade é com o Brasil e não estamos aqui para alimentar firula política”, disse o petista.
O deputado Paulo Teixeira (SP), vice-líder do governo, defendeu que o Conselho de Ética atue "sem interferências". "O interesse do governo é que as matérias continuem. O processo do Conselho tem que tramitar sem qualquer tipo de obstrução. Agora, a oposição também não pode obstruir o plenário e o funcionamento do parlamento."
A nossa indicação é de que haja obstrução das votações, tanto da Câmara quanto do Congresso. Que não se vote mais nada enquanto o conselho não definir o futuro do presidente. Queremos ter certeza de que o relatório será votado"
Deputado Nilson Leitão (PSDB-MT),
Vice-líder do PSDB na Câmara
'Não haverá paralisação'
Em entrevista nesta segunda, Eduardo Cunha minimizou a possibilidade de partidos “independentes” e da oposição utilizarem manobras regimentais para impedir votações no plenário. “Todos eles juntos não têm número suficiente para impedir a Casa de funcionar. Não ficará paralisada”, afirmou o peemedebista.

Ele disse ainda que não vai se “constranger” com manifestações em plenário. “Não estou pensando em contar com apoio de A ou B. Quem faltar à sessão terá salário descontado. Quem quiser obstruir que registre em plenário", disse.

Esvaziamento
Na última quinta (19), deputados esvaziaram a sessão em protesto contra o que chamaram de manobra de Cunha e de aliados para impedir o funcionamento do Conselho de Ética.

O colegiado iniciou reunião naquela manhã para a leitura do parecer preliminar do relator do processo, deputado Fausto Pinato (PRB-SP). No entanto, às 10h44, Eduardo Cunha abriu sessão no plenário principal da Câmara, o que impediu a continuidade da reunião do Conselho de Ética. Pelo regimento interno, o início da chamada “ordem do dia” no plenário impede votações nas comissões.

Posteriormente, aliados do presidente da Câmara apresentaram uma questão de ordem no plenário pedindo a anulação da reunião do Conselho de Ética. A intenção era adiar ainda mais o processo que investiga o peemedebista, já que uma nova sessão do colegiado teria que repetir a leitura da ata do encontro anterior. Além disso, questionamentos já respondidos pelo presidente do Conselho poderiam ser refeitos.

Com a decisão do deputado Felipe Bornier (PSD-RJ) – que estava atuando no final da manhã como presidente em exercício da Câmara – de acolher a questão de ordem e cancelar a reunião, deputados passaram a deixar o plenário da Casa aos gritos de “vergonha!” e “fora, Cunha!”
Com G1.

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