Cunha decidiu adiar para permitir lançamento de chapa pró-impeachment.
Deputados da base aliada classificaram a medida de 'manobra' de Cunha.

O adiamento para esta terça-feira (8) da sessão na Câmara dos Deputados para eleger os integrantes da comissão especial que analisará o impeachment da presidente Dilma Rousseff poderá inviabilizar a reunião do Conselho de Ética programada para votar o parecer pela continuação das investigações sobre o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), segundo líderes da base. As duas reuniões foram marcadas para 14h.

Inicialmente prevista para esta segunda-feira (7), a sessão foi adiada por uma decisão de Cunha para que partidos da oposição e uma ala dissidente do governista PMDB possam apresentar uma chapa alternativa pró-impeachment.
Pelo regimento interno, as comissões não podem funcionar enquanto estiverem ocorrendo votações no plenário principal da Câmara. Há quase três semanas aliados do presidente da Câmara têm usado recursos para adiar a análise do parecer preliminar no colegiado.

Segundo Cunha, o adiamento não protela o processo de impeachment e nem afeta o Conselho de Ética. Ele destacou que a votação no plenário não deve se iniciar antes das 17h30, apesar de a sessão estar marcada para 14h.

"Na prática, iria adiar [a comissão] porque não há quórum. Há também inviabilidade técnica por causa da chapa alternativa. Na semana passada, não havia sessão ordinária. A sessão ordinária continua marcada para 14h, como sempre foi. E ela não vai começar certamente antes de 17h30. O Conselho de Ética é que marcou na hora da sessão ordinária", afirmou.

"Não há qualquer intuito de [atrapalhar] Conselho de Ética. A sessão ordinária é sempre marcada para 14h. Eu preferia que isso [mudança na data para instalar comissão] não tivesse ocorrido. Se está acontecendo é porque está havendo dissidência. O PMDB, por exemplo, indicou 8 titulares e oito suplentes [para a chapa alternativa]", rebateu Eduardo Cunha.
"Não há qualquer intuito de [atrapalhar] Conselho de Ética. A sessão ordinária é sempre marcada para 14h. Eu preferia que isso [mudança na data para instalar comissão] não tivesse ocorrido. Se está acontecendo é porque está havendo dissidência"
Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
Presidente da Câmara dos Deputados
A medida de adiar a eleição da comissão foi duramente criticada pela base aliada. O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), classificou de "conluio pela mudança das regras do jogo" o adiamento da sessão e a permissão para que haja chapa alternativa. "Tínhamos um acordo. Hoje seria a reunião de instalação da comissão. Acordamos isso entre líderes e trabalhamos no fim de semana as negociações para indicação. Hoje anuncia que passou para amanhã. Isso fere o acordo político", afirmou.

A líder do PCdoB, Jandira Feghali (RJ), acusou Cunha de fazer uma "manobra" com a oposição para prejudicar a presidente Dilma e, ao mesmo tempo, adiar a votação no Conselho de Ética.

"Ele adiou para amanhã para dar tempo de lançar a chapa da oposição. E ele só nos comunicou. Não pediu opinião. É uma manobra clara para viabilizar a chapa da oposição e adiar mais uma vez a reunião do Conselho de Ética", disse Jandira.

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