Alvo de três processos no Supremo e do Conselho de Ética, o presidente da Câmara dos Deputados deve ficar em segundo plano enquanto durar julgamento da presidente Dilma

Situação de Cunha é constrangedora, mas parlamentares devem focar no julgamento de Dilma
Charles Sholl/Futura Press - 24.02.16
Situação de Cunha é constrangedora, mas parlamentares devem focar no julgamento de Dilma
O combustível que a oposição precisava para acelerar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados veio em boa parte das manifestações do último domingo (13). E quem deve ganhar sobrevida com a volta do pedido de afastamento à Casa é o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Sob julgamento do Conselho de Ética da Câmara e alvo de três inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), Cunha vem sendo pressionado a deixar a presidência da Casa. Mas, com a estratégia de intercalar afagos e ataques tanto em direção à situação quanto na direção dos oposicionistas, o peemedebista tem conseguido se manter no cargo.

Assim como o deputado do DEM, Antônio Imbassahy (BA), líder tucano, avalia que a presença de Cunha – que num primeiro momento emperrou o avanço dos pedidos de impeachment contra Dilma para depois se posicionar como oposição – não deve influenciar no avanço do julgamento da presidente. "Ele é chefe de um Poder e, ao mesmo tempo, é investigado pelo Conselho de Ética. Eu mesmo já pedi que ele renunciasse ao cargo. É extremamente constrangedor [que o peemedebista permaneça no comando da Câmara], diz o tucano.Líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM) garante que a presença de Cunha no comando da Casa não deve comprometer os trâmites do impeachment. "Infelizmente temos o Cunha com esse processo, mas a Câmara se move como instituição, não importa quem é o presidente." Segundo o democrata, a formação da comissão do impeachment será decidida ainda nesta semana – a previsão é que o STF decida como a Casa deve agir na quarta-feira (16) ou até quinta-feira (17).
Para Imbassahy, presença de Cunha na Câmara não deve influenciar no impeachment de Dilma
Gustavo Lima / Camara dos Deputados
Para Imbassahy, presença de Cunha na Câmara não deve influenciar no impeachment de Dilma
Para um outro cacique na Câmara, pode ter chegado o momento de parte da oposição ser pressionada a explicar a razão de não assumir uma postura mais clara contra Eduardo Cunha, não só dentro da própria Câmara, mas por aqueles que protestaram em boa parte do País e já não parecem ter a mesma tolerância a escorregadelas de políticos como as que gravitam em torno do peemedebista. "A oposição cutuca o Cunha, mas faz o jogo quando convém", argumenta o deputado. Um outro deputado adverte: "Cunha é parte da Câmara, mas não tem como inviabilizar o impeachment da Dilma."
Adversário de Cunha, Júlio Delgado (PSB-MG) adverte que a presença do peemedebista na Câmara durante o julgamento do impedimento da presidente pode ser uma ameaça. "Quem garante que ele não vai usar o cargo para ter algum tipo de vantagem no processo de impeachment? Afastar a Dilma e manter o Cunha será o mesmo que dar poder a ele", opina. Se a presidente for afastada na primeira metade do mandato, quem assume a presidência interinamente é o presidente da Câmara.

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